MARIA GRACIETE BESSE sobre “ARCHiPELAGOS”
Amélia Muge | Michales Loukovikas
/ENGLISH/ MARIA GRACIETE BESSE on ARCHiPELAGOS
/ΕΛΛΗΝΙΚΑ/ Η MARIA GRACIETE BESSE για το ARCHiPELAGOS
Uma prática da Relação
ARCHiPELAGOS / Passagens, de Amélia Muge e Michales Loukovikas, Periplus
Maria Graciete Besse, Professeur émérite, Université de Paris IV – La Sorbonne
mariagraciete7@aol.com
Todo o pensamento arquipélago é pensamento do tremor, da não-presunção, mas também da abertura e da partilha.
Autora, cantora e compositora, Amélia Muge é bem conhecida no panorama cultural português, pela beleza dos seus textos e composições musicais. Natural de Moçambique, a artista chegou a Portugal em 1984. O seu primeiro disco, intitulado Mugica, foi divulgado em 1992, seguido de Todos os dias (1994). Ao longo da sua carreira, Amélia Muge tem colaborado regularmente com José Mário Branco, Fausto, entre outros, e obteve em 1995 o prestigioso prémio Zeca Afonso com Maio maduro Maio (partilhado com José Mário Branco e João Afonso). De novo, este prémio foi-lhe atribuído em 1998, pelo álbum Taco a Taco, seguindo-se outros discos (A Monte, 2000; Não sou daqui, 2007) e numerosas participações em festivais nacionais e internacionais. Na actualidade, a autora continua a colaborar com diversos cantores, compondo também para fadistas bem conhecidos como Mísia, Camané, Ana Moura, Cristina Branco, entre muitos outros.
Em 2009, Amélia Muge conheceu Michales Loukovikas, cantor, compositor e instrumentista, originário da Trácia e especialista de música grega contemporânea, em particular do Rebético.1 Este encontro, sob os auspícios da Internet, revelou-se imediatamente fecundo pois concretizou-se em diversos projectos e na publicação de três discos: um CD-livro em português e em grego (2011), que celebra a obra do poeta Ares Alexandrou, desenvolvendo um trabalho precedente de Michales Loukovikas, intitulado O Ouro do Céu; em seguida surge Periplus / Deambulações luso-gregas (2012), considerado em Portugal como um dos melhores discos do ano; e mais recentemente Archipelagos / Passagens (2018), que inclui um CD e um eBook, onde descobrimos uma aventura musical e poética que se desenrola entre Portugal e a Grécia, mas que se abre também a um mundo mais vasto. Neste trabalho, os dois artistas celebram a temática da viagem através de diferentes culturas e paisagens, num tempo múltiplo e num espaço variado – Portugal, a Grécia, a Macaronésia, a América do Sul, as ilhas da utopia –, para nos propôr um olhar cruzado, dotado de uma sonoridade original que prolonga as fascinantes deambulações luso-gregas de Periplus, de forma a oferecer-nos agora algumas passagens que nos conduzem para além da errância, até novas dimensões do imaginário.
- 1 Forma popular marcada pela herança musical de Istambul (Constantinopla) e de Esmirna, que se desenvolve sobretudo nos anos 1920, na sequência das vagas de refugiados da Ásia Menor.
Dotado de uma grande qualidade literária e musical, Archipelagos / Passagens é composto por 28 rotas, distribuídas em 10 sequências-ilhas distintas, apresentando-se como uma obra em forma de arquipélago. Este termo, explicitado no eBook (Archipédia) que acompanha o CD (com textos em português, inglês e grego), remete para o sentido que vigorava na Grécia antiga em que o arquipélago designava o mar Egeu, passando mais tarde a significar o conjunto de ilhas do Egeu e finalmente, qualquer agrupamento de ilhas. Mas o conceito de arquipélago apresenta uma grande densidade de conotações poéticas, sendo tributário, no imaginário colectivo ocidental, das utopias dos séculos passados em que a ilha aparecia isolada. Quando falamos de arquipélago, podemos também evocar a cultura antiga e, depois de Hölderlin, toda a riqueza cultural helénica, universal e imortal. Para Saint-John Perse (1887-1975), outro grande poeta fascinado pelo universo insular, por detrás do écran luminoso do espaço mediterrânico, existe um ambiente atmosférico e uma base psicológica, impregnada de história e de civilização antiga. É com esta dimensão encantatória que abre o disco de Amélia Muge e Michales Loukovikas, a partir da adaptação de um poema de Hölderlin.
No centro do universo literário e musical oferecido por este trabalho, podemos facilmente identificar o conceito paradigmático de Relação, desenvolvido pelo poeta, romancista e filósofo francês Édouard Glissant (1928-2011) que propõe uma poética rizomática aberta ao Diverso enquanto travessia entre o lugar e o mundo.2 Ao remeter para o entrecruzamento de culturas diversas, a Relação traduz um pensamento arquipélago, em que as ilhas deixam de significar isolamento, para se abrirem à totalidade-mundo, isto é, a uma força que irradia, opondo-se ao conceito totalitário de fechamento e intolerância.3 Apesar das diferenças geográficas e culturais, pensamos que em Archipelagos / Passagens existem efectivamente ecos da obra deste grande poeta das Caraíbas, sobretudo pelo sentido de um trajecto, de um precurso e de um cruzamento que se encontram na base de um pensamento que se opõe à visão de um mundo fechado, unitário, para nos propôr a presença estimulante do Diverso, marcado pela ideia do movimento. Mas, como sublinhou em várias ocasiões Édouard Glissant, a Relação não significa a mistura confusa e desordenada de culturas, na medida em que o Diverso compreende as diferenças que se encontram, se ajustam umas às outras, se harmonizam. Para o poeta, a Relação possui uma dimensão arquipélica aberta à passagem e à totalidade-mundo, noção que permite conceber tanto a política como a identidade, a ética, a língua e as diferentes modalidades do pensamento. Na opinião de Glissant, o esquema do pensamento arquipélago não conduz à noção de território que se define como uma noção continental, porque o arquipélago é discontínuo, descentrado. Nesta perspectiva, o poeta-filósofo distingue:
-
● o pensamento continental que se identifica com o sistema, arrogante, feito de lógicas causais que podem conduzir à guerra;
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● e o pensamento arquipélago que é uma outra forma de pensar, mais intuitiva, mais frágil, rizomática, associada ao imprevisto do caos-mundo, neologismo que caracteriza não a desordem mas o imprevisível.4
- 2 Para Édouard Glissant, a Relação é tudo que “relie (relaie), relate”, in Poétique de la Relation. Poétique III, Paris, Gallimard, 1990, p. 187.
- 3 Édouard Glissant, Traité du Tout-monde. Poétique IV, Paris, Gallimard, 1997.
- 4 Segundo Édouard Glissant, a noção de “caos-mundo é bem precisa: trata-se da mistura cultural, que não se reduz simplesmente a um melting-pot, graças à qual a totalidade mundo hoje está realizada.”, in Introdução a uma poética da diversidade, trad. Enilce do Carmo A. Rocha, Juiz de Fora, editora UFJF, 2005, p. 98.
Para Glissant, o pensamento arquipélago é também um pensamento do tremor, que condiz com a errância e se abre ao futuro. Assim, o estremecimento ou o tremor é a qualidade do que se opõe ao pensamento brutal, unívoco, do eu sem o outro, escreve o poeta, sublinhando que precisamos de estremecimento, porque sufocamos no meio de pensamentos sistemáticos e arrogantes. Poderíamos acrescentar que precisamos também, cada vez mais, de espaços de epifania, como os que Amélia Muge e Michales Loukovikas nos dão a ouvir neste disco que desenha arquipélagos inéditos, mobiliza culturas misturadas, apelando a uma dinâmica de subjectivações inesperadas que designam um olhar, uma voz, um sopro, uma tradição atravessada por múltiplas passagens, memórias fluídas e estremecentes, para pensar a complexidade do mundo, convidando-nos também a imaginar o Encontro e a alimentar a esperança para além de todas as formas de utopia.
Para Glissant, como para Amélia Muge e Michales Loukovikas, a paisagem não é apenas um simples cenário, mas uma personagem activa da História. Assim, graças à poética da Relação, uma parte da natureza, vista pelo olhar humano, isto é, a paisagem escolhida em função de parâmetros subjectivos, emotivos e afectivos, não se encontra unicamente numa perspectiva horizontal, mas desenha uma profundidade vertical que nos convida à reflexão. Assim, o primeiro eixo temático do disco propõe-nos uma série de paisagens que remetem para a beleza da Grécia cantada por Hölderlin, postas em relação com fragmentos de Orestes, a tragédia de Eurípides, composta em 408 antes de Cristo, que evoca a dor, cantada em grego antigo por Michales Loukovikas e coro. Identificamos em seguida a presença de dois universos musicais distintos: o hino hurrita a Nikkal, datado de 1400 antes de Cristo – descoberto na Síria nos anos 50, num campo arqueológico (Ugarit) – e o Acordai, poema de José Gomes Ferreira, musicado por Fernando Lopes-Graça nos anos 40. A sequência começa como uma canção de embalar que vem da Antiguidade e chega aos nossos dias para despertar a nossa sensibilidade e inteligência, e se impôr como uma canção de luta. Paralelamente à pesquisa literária deste notável trabalho musical, podemos falar de uma dimensão ética e política no sentido mais nobre do termo.
O disco começa com uma voz da sabedoria que recita versos de
Hölderlin (a mãe de Amélia, com 98 anos) e termina com um coro
infantil, desenhando assim um itinerário que se projecta no futuro.
Archipelagos / Passagens convida-nos a viajar através de espaços reais e imaginários, propondo-nos um percurso geográfico, literário e cultural que convoca vozes tão diferentes como as de Safo, Eurípides, Hölderlin, Pessoa, José Gomes Ferreira, Saramago, ou ainda Hélia Correia, que se encontra no centro de todo o CD. É de notar também que o disco começa com uma voz da sabedoria que recita versos de Hölderlin (a mãe de Amélia, com 98 anos) e termina com um coro infantil, desenhando assim um itinerário que se projecta no futuro. O mundo antigo e o espaço do Mediterrâneo, o mar fechado, abrem-se ao Atlântico e confundem-se com o universo da Macaronésia, introduzida através dum canto tradicional das Canárias posto em relação com um canto dos Açores e com ritmos caboverdianos numa belíssima homenagem a Cesária Évora.
Podemos ainda observar que todo este trabalho é atravessado por uma interrogação fundamental de Hölderlin, citado por Hélia Correia : “Para que servem os poetas em tempo de indigência?”. Esta pergunta eivada de melancolia, colocada em 1800 pelo poeta do Romantismo alemão, sublinha a desilusão de todos aqueles que viam as luzes da Revolução francesa apagar-se no Terror. Contudo, Hölderlin não se dirige exactamente aos desiludidos da História mas aos “abandonados por Deus”, constatando a queda espiritual, o eclipse da transcendência. Convém no entanto lembrar que, três anos mais tarde, surge a resposta a esta pergunta quando Hölderlin sublinha o papel e a responsabilidade do artista, afirmando que “os poetas fundam tudo o que permanece”. Em meados do século XX, Adorno evoca o crime contra a humanidade e considera que seria bárbaro escrever poesia depois de Auschwitz. Mas a poesia permanece, como sabemos e como o demonstra também o trabalho de Archipelagos / Passagens que celebra as palavras vindas de diversos horizontes culturais, para nos lembrar que a pergunta de Hölderlin se pode colocar novamente nos nossos dias, perante a perda de muitos valores que tocam o mundo contemporâneo.
Archipelagos / Passagens celebra portanto uma paisagem múltipla, cruza memórias, estabelece um diálogo com a tradição escrita e oral, traduz o ritmo das línguas (o português, o grego, o espanhol, o inglês, o crioulo), faz ouvir o sopro que revela a harmonia, a dor e a violência da História – é de notar que numa das sequências mais belas do disco, Amélia Muge mergulha justamente na memória das palavras e canta Safo em grego antigo, convidando-nos a viajar no tempo e a enfrentar a tentação do silêncio, antes de convocar um poema inglês de Fernando Pessoa para insistir na cadência das horas, mostrando-nos que o tempo nos conduz para o que Glissant chamava o caos-mundo, onde encontramos o choque dos contactos, as misturas entre realidades muito diferentes, as identidades e as culturas que entram em relação umas com as outras, sem nada perder da sua originalidade. Este caos-mundo é dominado pelo mar feiticeiro cantado em grego por um outro colaborador do CD, Andreas Karakotas, que convoca um excerto do já evocado hino hurrita a Nikkal e nos conduz até uma Odisseia onde Ulisses vai encontrar o caminho até à sua ilha, depois de uma longa viagem através de terras desconhecidas. Mas “Ítaca já não há”, diz o poema. Ulisses transformou-se num estrangeiro que toma a forma de um mendigo, de um refugiado – poderíamos nós acrescentar hoje –, de um emigrante, que a Europa insulta e deixa morrer nesse imenso cemitério chamado Mediterrâneo. E entramos em seguida num novo eixo temático do disco que vai opôr utopia e distopia, onde se inscreve o imprevisto aberto à errância e por vezes à morte, como a do pescador Nicolas cantado por Michales Loukovikas, esse pescador esperado pela sua mãe que não sabe que o filho se afogou no mar.
O percurso poético e musical abre-se contudo à visão de uma utopia, remetendo para a famosa ilha inventada por Thomas More em 1516, e cujas raízes se encontram em Aristóteles e Platão. A utopia representa, como sabemos, algo de perfeito, indissociável da busca. O sentido político da utopia relaciona-se com um governo imaginário impossível de realizar. A transformação da utopia em distopia revela um tropismo melancólico que diz respeito à nossa representação do tempo e da História marcada pela catástrofe (essa catástrofe de que falava Walter Benjamin, o filósofo judeu alemão, no início dos anos 1930, pressentindo já o horror da Shoah). Assim, o sonho pode-se transformar em pesadelo, onde erram os meninos perdidos, cantados por Amélia Muge numa bela adaptação de um ritmo tradicional da Trácia, com um arranjo de António José Martins e de Michales Loukovikas.
A pergunta colocada por Hölderlin (“Para que servem os poetas em tempo de indigência?”), ganha grande intensidade, como uma litania, quando se exprime na voz de Hélia Correia que evoca a ruína da Grécia, abandonada por todos os deuses (sobretudo os deuses da Finança no momento da crise recente). O pesadelo distópico é transmitido pela música de Beethoven, mais precisamente pelo 2o movimento da Terceira Sinfonia, a Marcha Fúnebre, adaptada por Michales Loukovikas, para exprimir o que Hélia Correia designa como a Terceira Miséria (título de um magnífico livro de poesia).5 A “terceira miséria” de que fala Hélia Correia, é “a de quem já não ouve nem pergunta” e que corresponde à desumanização do mundo em que vivemos, povoado de sombras, esse mundo que perdeu todo o sentido da hospitalidade – Falamos de sombras é justamente o título deste tema que pertence a uma das mais belas sequências do CD.
- 5 Hélia Correia, A Terceira Miséria, Lisboa, Relógio d’Água, 2012 (com o Partenon na capa).
O terceiro eixo temático deste trabalho aborda por fim a emigração feita da nostalgia que alimenta o cantar do emigrante, onde ouvimos ecos de outros ritmos bem conhecidos, a voz de Violeta Parra, ou os versos de Rosalía de Castro, musicados por José Niza e já cantados por Adriano Correia de Oliveira.
Ao longo do álbum, podemos verificar que a Relação se apresenta como algo de dinâmico que diz o mundo na sua transição entre o interior e o exterior, o subjectivo e o objectivo, o próximo e o distante. Esta Relação é, como afirmava Édouard Glissant, um conhecimento no sentido de um saber acerca de si mesmo e acerca dos outros, quando o artista se abre ao drama do mundo, mas pode também significar um universo onde se inscreve por vezes a Alegria, título de um poema de José Saramago, adaptado por Amélia Muge e António José Martins, baseado numa composição e arranjo de Giorgos Andreou.
A viagem poética e musical converge finalmente numa celebração do mar, espaço do encontro que vai revisitar uma célebre cantiga de amigo de Martim Codax, Ondas do mar de Vigo, cantada em grego por Michales Loukovikas e em português por Amélia Muge, com uma melodia de Rebético de Panaiotis Tountas, música da Relação por excelência. A última sequência de Archipelagos / Passagens projecta-se no futuro pois tal como canta Amélia Muge, “há sempre outro barco a chegar” e “tudo pode acontecer”.
Para concluir, podemos afirmar que este notável trabalho de Amélia Muge e Michales Loukovikas não pretende apresentar um mundo estático, de conhecimento formal, mas abre-se a um universo de relações e de revelações possíveis. Descobrimos assim o mundo na sua diversidade imprevisível através de uma viagem constituída por múltiplos itinerários que passam pelos lugares que povoam a nossa memória, desenhando um trajecto atento aos dramas da democracia contemporânea, mas também ao milagre sempre renovado da vida, do esplendor da paisagem, do estremecer da esperança. O album trabalha uma Relação constante entre o sujeito, o mundo, a escrita poética e musical, a utopia e a distopia, correspondendo a um percurso emblemático que nos leva a ultrapassar todas as fronteiras, todos os muros, para desenhar uma geopoética da insularidade arquipélica como um colar de ilhas que “estão por nós sempre a chamar” como podemos ouvir na última passagem do disco. Por todas estas razões, pensamos que Archipelagos / Passagens constitui uma bela ilustração do conceito glissantiano de Relação alimentada de mobilidade e de passagens, que incluem o descentramento, o estremecimento, a abertura ao Múltiplo e ao Diverso, mas também um convite à reflexão ética e política, projectando-nos num futuro possível, que deve ter em conta a generosidade da imaginação capaz de transformar o mundo.
● Apresentação de ARCHiPELAGOS / Passagens em Paris, Fondation
Calouste Gulbenkian – Délégation en France, 7 de Novembro de 2018.
● Publicado em Limite, Revista de Estudios Portugueses y de
la Lusofonía, Universidad de Extremadura, vol 12.2 / 2018
ARCHiPELAGOS Autores: Amélia Muge | Anónimo Hurrita | Armando Soares | Eurípides | Fernando Lopes-Graça | Fernando Pessoa | Friedrich Hölderlin | Giorgos Andreou | Giorgos Mitsakis | Hélia Correia | João de Deus | José Gomes Ferreira | José Niza | José Saramago | Ludwig van Beethoven | Manos Achalinotópoulos | Martín Codax | Michales Loukovikas | Panaiotis Tountas | Rosalía de Castro | Safo | Vasilis Tsitsanis | Violeta Parra
Núcleo: Amélia Muge: voz, braguesa, percussão | Michales Loukovikas: voz, percussão, acordeão | António Quintino: contrabaixo | Dimitris Mystakidis: guitarra, bouzouki, baglamás, tzourás | Filipe Raposo: piano, acordeão, teclados | Harris Lambrakis: ney (flauta oriental), flauta de bisel | José Salgueiro: percussão | Kyriakos Gouventas: violino, viola | Manos Achalinotópoulos: clarino (clarinete folk), voz | Maria Monda (Sofia Adriana Portugal, Susana Quaresma e Tânia Cardoso): trio vocal | Ricardo Parreira: guitarra portuguesa
Convidados especiais: Hélia Correia e Maria José Muge: voz falada
Convidados (pro-bono): Ana Dias: harpa | Andreas Karakotas: voz | António José Martins: caixa de música, percussão | Catarina Anacleto: violoncelo, voz | Catarina Moura: voz | José Manuel David: voz | Kosmás Papadópoulos: clarinete | Kostas Hanís: vibrafone | Mariana Abrunheiro: voz | Niovi Benou: palmas | Paló: voz | Pedro Casaes: voz | Rita Maria: voz | Rui Vaz: voz | Teresa Campos: voz | Thomás Natsis: guitarra de flamenco, palmas
Em especial: Cramol, Grupo de Canto Tradicional de Mulheres da Biblioteca Operária Oeirense | Orquestra de Cordas Palhetadas “Thanassis Tsipinakis” do Município de Patras | Coro de Crianças, dir. Catarina Anacleto: Santiago Fantasia, Gabriel Leite, Sophia Van Epps, Ana Pita, Marta Semblano, Patrícia Arens Teixeira