Comentários sobre o “PERIPLUS” na imprensa
/ENGLISH/ Critical remarks on “PERIPLUS” in the Press
/ΕΛΛΗΝΙΚΑ/ Σχόλια για τον “ΠΕΡΙΠΛΟΥ” στον πορτογαλικό Τύπο
Nuno Pacheco, “Público” – 20 Fevereiro 2012
Amélia e Michales completaram a primeira viagem intermusical da era moderna entre Portugal e a Grécia, fazendo o que até aqui ninguém tinha feito: estreitando laços, entrelaçando notas (as musicais, que as outras rareiam), compondo novos itinerários a partir de antigas rotas…
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CIRCUM-NAVEGAÇÃO ÀS RAÍZES DO FUTURO
Maria Ramos Silva, “i” – 21 Fevereiro 2012
Um entendimento inato em afinidades musicais, generosidade e contagiante sentido de humor. Amélia e Michales, um Portugal-Grécia na liderança do campeonato das pontes entre os povos…
Um caldeirão de sons onde se cozinham afinidades culturais além-fronteiras da crise…
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Nuno Pacheco, “Público/Ípsilon” – 24 Fevereiro 2012
Amélia Muge fez com Michales Loukovikas o disco que ainda ninguém tinha feito. Une Portugal e a Grécia, Ocidente e Oriente, passado e futuro…
Amélia Muge e Michales Loukovikas, num tempo em que a crise varre Portugal e a Grécia, põem em “Periplus” a força das antigas epopeias, propondo uma viagem musical luso-grega que abarca, na mesma aventura, outras culturas vizinhas, da Ásia à África…
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“Periplus”, uma ideia cara a Amélia Muge, era desde o início uma aposta arriscada. Unir culturas do Mediterrâneo às vizinhas do Atlântico e do Índico, misturando Ocidente e Oriente sem cair em “pastiches” multiculturais de duvidoso gosto, exigia uma enorme dose de dedicação, empenho e sabedoria. A pedra de toque encontrou-a Amélia na ligação entre Portugal e a Grécia, ao trabalhar com Michales Loukovikas (excelente descoberta) e dividir com ele e mais um lote de músicos de grande talento, portugueses e gregos, tal aventura. O resultado é um diamante polido até quase à perfeição…
Isto numa abordagem contemporânea onde as linhas melódicas e rítmicas dos dois países se aproximam, interligam e desafiam de forma natural e fluída, como se sempre tivessem sido vizinhas e conversado assim…
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João Lisboa, “Expresso/Atual” – 25 Fevereiro 2012
Uma cimeira de poetas e músicos portugueses e gregos, presidida por Amélia Muge e Michales Loukovikas, para confirmar a ideia de que muito daquilo que somos também existe do outro lado…
Mediterrâneo, portanto. Que teve como porto de partida para a sua exploração o interesse pela obra do poeta grego Ares Alexandrou… e se prolongou através de uma busca intuitiva de pontos de contacto e traços de identidade comuns que… basta descobrir…
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PORTUGAL E GRÉCIA UNIDOS POR UMA NOITE EM LISBOA
João Moço, “Diário de Notícias” – 25 Fevereiro 2012
“Periplus”… muito mais do que um mero conjunto de canções, é uma viagem musical pelas tradições portuguesas e gregas, evocando-se também as antigas epopeias enquanto se olha para o futuro…
Este encontro musical entre Portugal e Grécia ganha também um redobrado simbolismo numa altura em que ambos os países enfrentam intensos problemas sociais…
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Nuno Rogeiro, “Sábado” – 1 Março 2012
Sigo com interesse, há décadas, o caminho singular de Amélia Muge, entre a tradição mítica e os temas “sociais”. Mas “Periplus, deambulações luso-gregas” é ainda mais belo. Músicos e instrumentos de cá, e da península arquipelágica helénica, a Odisseia em sons, o Mediterrâneo real e imaginário, o Ocidente onde Portugal repousa, sonha e sofre, com duas grandes baladas: “Pesado como ferro” e “Zum Zum”.
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AMÉLIA MUGE + MICHALES LOUKOVIKAS
João Miguel Tavares, “Time Out” – 21 Março 2012
… Há uma imensa ironia no facto de “Periplus”, que tem como subtítulo “deambulações luso-gregas”, celebrar essa espécie de cordão umbilical mediterrânico que une a Grécia a Portugal pelo menos desde o mito da fundação de Lisboa, atribuída a Ulisses. Irmãos na falência económica, eis que os dois países se unem aqui para celebrar a sua riqueza cultural ao abrigo de qualquer austeridade – os discos de Amélia Muge são uma luxuosa filigrana de sons, instrumentos e versos, e “Periplus” não foge à regra.
Mais do que isso: são sempre tudo menos óbvios. Se ela aqui se une ao músico e compositor grego Michales Loukovikas, não é para criar um europudim, com guitarra braguesa e bouzouki. Sim, há uma guitarra braguesa, e sim, há bouzouki, tal como há traços de rebétiko e de fado, há versos de Pessoa e hinos délficos. Mas nada é abordado de uma forma convencional – bem pelo contrário, cada faixa é um acumular de surpresas, seja em “Deixa Brilhar”,(*) onde Hélia Correia canta (sim, canta) em grego, seja por exemplo, em “Da folhinha de uma Rosa”, um tema magnífico que resume na perfeição a forma como é possível fazer um patchwork luso-galaico-grego sem deixar uma única costura à mostra…
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(*) É o “Epitáfio” composto por Seikilos, algures depois do 2º século AC; um epigrama gravado numa pedra tumular cilíndrica contendo o texto e a música (nos símbolos da antiga notação grega): temos portanto uma canção, a canção completa mais antiga que existe. A pedra tumular foi encontrada em Aydin, a antiga Trales, na Ásia Menor, perto de Éfeso. O nosso título decorre da primeira frase (segundo adaptação de Hélia Correia): Ó mortal, deixa brilhar…
Quando um dia nos encontrámos com a Hélia, dissémos-lhe, entre outras coisas, que o “Epitáfio” iria ser incluído no “Periplus”. Para nossa grande surpresa, ela não só conhecia a composição de Seikilos (coisa que grande parte dos gregos ignora), como começou imediatamente a cantá-la em grego antigo! Quem melhor do que ela poderia cantá-la no disco? E assim surgiu o convite…
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