PERIPLUS: Deambulações luso-gregas
/ENGLISH/ PERIPLUS: Luso-Hellenic Wanderings
/ΕΛΛΗΝΙΚΑ/ ΠΕΡΙΠΛΟΥΣ: Ελληνοπορτογαλικές περιηγήσεις
PERIPLUS, significando circum-navegação, refere-se ás antigas viagens no Mediterrâneo e para lá dele, no oceano Atlântico e Índico. Escolhemos este termo para representar a nossa própria viagem no tempo e no espaço à volta da cultura mediterrânica e de todas as outras que floresceram através do contacto com este berço civilizacional.
Focalizámo-nos na ligação entre a música e a poesia, especialmente a dos nossos países, Portugal e Grécia. É por isso que os que vêm a bordo do Periplus são principalmente portugueses e gregos, embora sejamos tudo menos exclusivistas: construir pontes, abrir janelas, é o que fazemos melhor, trabalhando em conjunto, sobretudo via internet.
O nosso objectivo foi o de trabalhar a música e poesia numa contemporaneidade inspirada no riquíssimo comum património artístico, não apenas erudito mas também popular. Assim, para lá das músicas de nossa autoria incluímos, recuando até à música e poesia grega antiga e adaptando, de acordo com a nossa sensibilidade, o Primeiro Hino délfico dedicado a Apolo, composto provavelmente por Athenaeus, o Hino a Némesis de Mesomedes e o Epitáfio de Seikilos.

Kisanji (Calimba)
Dentro do mesmo espírito trabalhámos temas tradicionais como o português Cantiga de rega, o grego Syrtós cretense, o igualmente cretense Pesado como ferro, o epirótico Meu pássaro emigrado e o rebético Os mangas da taverna que aqui dialoga com o equivalente canto urbano português, o fado. Partindo ainda da morna de Cabo Verde aportamos nas escalas pentatónicas de África e do Épiro. Também encontrámos proximidades e referencias comuns nas canções de embalar e lenga-lengas de ambos os países, e uma quase identica lírica entre Da folhinha de uma rosa portuguesa e galega, e A folha da rosa, uma canção grega oriunda da Ásia Menor.
Estão presentes poetas de que muito gostamos: Ares Alexandrou com Nota ilegal, Canção de embalar e Os meus ditames; Fernando Pessoa com Calma; Constantino Cavafy com Ítaca; Natália Correia com Cântico do país emerso; e Hélia Correia com a sua adaptação do Epitáfio de Seikilos, que ela aqui canta no original grego antigo.
Além de Hélia Correia temos mais convidados especiais: a cantora grega Eleni Tsaligopoulou e também a Outra Voz, Coro de Cidadãos, criado no âmbito do Área da Comunidade, de Guimarães Capital Europeia da Cultura. Esta participação da sociedade civil é para nós crucial, no esforço de ligação entre o popular e o erudito, a tradição e a inovação, o antigo e o moderno, a grecofonia e a lusofonia, o longe e o perto.
Amélia Muge & Michales Loukovikas