AMÉLIA MUGE & MICHALES LOUKOVIKAS
ARCHiPELAGOS / Passagens
III. MACARONÉSIA
(Macárōn Nẽsoe, Ilhas afortunadas)
● Ali no meio do mar ● Dança do trigo
● Um gingado lamento
/ENGLISH/ ARCHiPELAGOS • III. MACARONESIA
/ΕΛΛΗΝΙΚΑ/ ΑΡΧΙΠΕΛΑΓΟΣ • III. ΜΑΚΑΡΟΝΗΣΙΑ

ARCHiPELAGOS / Passagens: o novo projeto de AMÉLIA MUGE & MICHALES LOUKOVIKAS
04. Ali no meio do mar
– Tradicional das Canárias e Açores, Amélia Muge
• Arranjo: António José Martins, A. Muge
“Yo fui nacido en el mar / y mi padrino fué un sargo
y si yo bargo o no bargo / mi padrino lo dirá.”Parecem sair do nada / ali no meio do mar
traçadas p’la mão das ondas / o que estarão a contar
bailando constroem rondas / de partir e de chegar.Macaronésia …
É terra que se dizia / estar p’ra lá do fim do mundo
arquipélagos de lava / de medos, sustos, segredos
mas também terra de amores / com seus ais e seus calores.Mariana da Madeira / sua mãe é argentina
quando visita as Canárias / traz pulseira marroquina.“Rema que rema / lanchinha dos Açores
Rema para lá lanchinha.
Rema que rema / lanchinha de quatro remos.”
• Canto: A. Muge / Coro: Maria Monda, A. Muge • Braguesa: A. Muge
Clarino: Manos Achalinotópoulos / Contrabaixo: António Quintino / Ney: Harris Lambrakis
Percussão: José Salgueiro, A. Muge / Piano: Filipe Raposo / Violino: Kyriakos Gouventas
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● Macaronésia: região que resulta do agrupamento de quatro arquipélagos do Atlântico, situados frente às costas africana e europeia; é constituída por Açores e Madeira (Portugal), Canárias (Espanha) e Cabo Verde; o nome, que deriva do termo helénico Μακάρων Νῆσοι (Macárōn Nẽsoe – Ilhas Afortunadas ou Ilhas Bem Aventuradas, presentes nas mitologias grega e céltica), é usado pelos antigos geógrafos para designar as ilhas a oeste do Estreito de Gibraltar (Pilares de Hércules), também chamadas de Elísias; para Hesíodo (poeta grego), estas ilhas eram a materialização dos Campos Elíseos, um paraíso na terra, sem inverno, habitado pelos heróis gregos; constava que estes campos se situavam no Oceano Ocidental, perto da circular do Rio Oceanus (na antiga cosmogonia grega, um extraordinário fluxo de água doce que circundava o disco plano da terra, fonte de toda essa água); estas illhas são muitas vezes mencionadas como correspondendo àquela descrição; Estrabão identificou-as como sendo as ilhas das Hespérides (deusas primitivas primaveris, que representam o espírito fertilizador da natureza, donas do jardim com o seu nome, situado no extremo ocidental do mundo).
05. Dança do trigo
– Tradicional das Canárias, Amélia Muge
• Arranjo: António José Martins, A. Muge
“Don Juan Periñal tiene un arenal
un grano de trigo lo quiere sembrar
lo siembra en la cumbre lo coge en la mar.”Macaronésia …
“Ansina lo siembra lo labra lo carga
y ansina me enseña mi amor a danzar,
ansina lo aventa lo muele lo come
y ansina me enseña mi amor a danzar.”Um dragoeiro perdido / no coro da ventania
voou afundou no mar / sabe-se lá o que ouvia
será que foi a Cesária / a razão de querer voar.Macárōn Nẽsoe…
• Canto: Rita Maria, A. Muge / Coro: Maria Monda, A. Muge, Michales Loukovikas •
Clarino: Manos Achalinotópoulos / Contrabaixo: António Quintino / Ney: Harris Lambrakis
Percussão: José Salgueiro, A. Muge / Piano: Filipe Raposo / Violino: Kyriakos Gouventas

Dragoeiro (Dracaena draco)
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● Dragoeiro: do grego δράκαινα/δράκος (dragão fêmea/macho), ‘árvore do dragão’, ‘dracaena draco’ (nome científico) – planta nativa dos arquipélagos da Macaronésia, de origem antiquíssima (considerada um fóssil vivo); chega a viver centenas anos e a atingir grandes dimensões; a sucessiva destruição do seu habitat torna- a cada vez mais rara sobretudo na Madeira e nos Açores, embora ainda seja relativamente comum nas Canárias (é símbolo da ilha de Tenerife); em Cabo Verde existe sobretudo na ilha de S. Nicolau. As cascas e as folhas, quando cortadas, secretam uma resina translúcida que, ao oxidar, fica cor de sangue e que é uma das fontes de dracenina – sangue de dragão – substância usada para diversos fins como por exemplo para tingir a madeira dos violinos Stradivarius. Diz uma antiga lenda que os dragões, ao morrer, se transformavam nestas belas e misteriosas árvores, que assim deles herdavam os seus místicos poderes. ● Cesária Évora (1941-2011): a mais famosa cantora cabo-verdiana; conhecida como Rainha da Morna e também, por cantar sem sapatos, Diva dos pés descalços; actua desde muito jovem, mas faz uma interrupção de dez anos logo a seguir à independência de Cabo-Verde; aos 47 anos, depois da gravação de um segundo álbum em Paris, torna-se conhecida e reconhecida em todo o mundo; grava cerca de 25 álbuns e colabora noutros; entre as várias homenagens que recebeu destaca-se a medalha portuguesa da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, um Grammy (2004, melhor álbum de world music contemporânea) e a medalha da Legião de Honra francesa (2009). ● Morna: considerada símbolo nacional de Cabo Verde, é o único género de música e de dança tradicional que consegue ser largamente transversal a grupos etários, época, ilha de origem, classe social ou gosto pessoal; émuitas vezes acompanhada de cavaquinho, clarinete, acordeão, violão, piano e guitarra.

Cesária Évora numa nota de 2000 escudos de Cabo Verde
06. Um gingado lamento
– Amélia Muge
• Arranjo: Michales Loukovikas, António José Martins
Sempre que a morna soa / há uma voz que vem
cantar a terra como magoa / estar longe dela também.Sempre que a morna soa / há uma voz que vem
cantar a terra, sua beleza / essa riqueza que tem.Cesária canta na chuva, / e a terra seca sonha,
Cesária canta no vento, / o seu gingado lamento.Deixai passar…
• Canto: A. Muge / Coro: Maria Monda, A. Muge • Contrabaixo: António Quintino
Guitarra: Dimitris Mystakidis / Ney: Harris Lambrakis / Percussão: José Salgueiro, A. Muge
Piano: Filipe Raposo / Violino: Kyriakos Gouventas

A espiral e a estrela, símbolos dos Guanches, habitantes aborígenes das Canárias relacionados com os berberes